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2/03/2009

A REVOLUÇÃO



“Nós que, pelo império das circunstâncias, dirigimos a revolução, não somos donos da verdade, menos ainda de toda a sapiência do mundo. Temos que aprender todos os dias. No dia em que deixarmos de aprender, que acreditarmos saber tudo ou que tivermos perdido nossa capacidade de contato ou de intercâmbio com o Povo e com a Juventude, será o dia em que teremos deixado de ser revolucionários e, então, o melhor que vocês poderiam fazer seria jogar-nos fora... Mas vocês, estudantes de todo o mundo, jamais se esqueçam de que por trás de cada técnica há alguém que a empunha e que esse alguém é uma sociedade e que se está a favor ou contra essa sociedade. Que no mundo há os que pensam que a exploração é boa e os que pensam que a exploração é ruim e que é preciso acabar com ela. E que mesmo quando não se fala de política em nenhum lugar, o homem político não pode renunciar a essa situação imanente à sua condição de ser humano. E que a técnica é uma arma e que quem sinta que o mundo não é tão perfeito quanto deveria ser, deve lutar para que a arma da técnica seja posta a serviço da sociedade, e antes, por isso, resgatar a sociedade, para que toda técnica sirva à maior quantidade possível de seres humanos, e para que possamos construir a sociedade do futuro - qualquer que seja seu nome, essa sociedade com a qual sonhamos e a que chamamos de socialismo. Queremos construir o socialismo. Queremos paz, queremos construir uma vida melhor para nosso povo e queremos pagar muito caro o preço dessa paz. Mas, nossa resposta é que esse preço não pode chegar para além das fronteiras da dignidade. O importante não é justificar o erro, mas impedir que ele se repita. Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura. A reforma agrária radical é a única que pode dar a terra ao camponês. A culpa de muito dos nossos intelectuais e artistas reside em seu pecado original: Não são autenticamente revolucionários. Em nosso trabalho de revolucionário, a morte é um acidente freqüente. Mas, se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros e isso é o mais importante. O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor ao Povo. É impossível pensar num Revolucionário autêntico sem esta qualidade. Quiçá seja um dos grandes dramas do dirigente... Nessas condições, há que se ter uma grande dose de humanidade, uma grande dose de sentido da justiça e de verdade para não cairmos em extremos dogmáticos, em escolasticismos frios, no isolamento das massas. Todos os dias temos que lutar para que esse amor à humanidade vivente se transforme em fatos concretos, em atos que sirvam de exemplo, de mobilização. A mercadoria é o núcleo econômico do sistema capitalista e, enquanto ela existir, seus efeitos se farão sentir na organização da produção e, conseqüentemente, na consciência. Muitos me chamarão de aventureiro e o sou, só que de um tipo diferente: Dos que entregam a pele para provar suas verdades. Nós, socialistas, somos mais livres porque somos mais perfeitos, somos mais perfeitos porque somos mais livres. As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera. O revolucionário deve sempre ser integral. Ele deverá trabalhar todas as horas, todos os minutos de sua vida, com um interesse sempre renovado e sempre crescente. Esta é uma qualidade fundamental. A revolução se faz através do homem, mas o homem tem de forjar, dia a dia, o seu espírito revolucionário. Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário. Não nego a necessidade objetiva do estímulo material, mas sou contrário a utilizá-lo como alavanca impulsora fundamental. Porque então ela termina por impor sua própria força às relações entre os homens. Um dos grandes deveres da Universidade é implantar suas práticas profissionais aos anseios do Povo. Nós nos forjaremos na ação cotidiana, criando um homem novo com uma nova técnica. A argila fundamental de nossa obra é a juventude. Nela depositamos todas as nossas esperanças e a preparamos para receber idéias para moldar nosso futuro. Porque temos nossas mentes cheias da semente da nova aurora e estamos dispostos a semeá-la para que dê muitos frutos. Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar. O revolucionário é um reformador social. Lutamos contra a miséria, mas ao mesmo tempo contra a alienação. Sonhas e serás livre de espírito... Lutas e serás livre na vida. Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. As amizades que se fundam a partir do interesse, por interesse terminam. Lutam melhor os que têm belos sonhos. Os grandes só parecem grandes porque estamos ajoelhados. Prefiro morrer de pé que viver sempre ajoelhado. Eles podem até tirar minha vida, mas nunca minha liberdade. Derrota após derrota até a vitória final.”
Até a vitória sempre!
Por: Ernesto Che Guevara.

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