O Instituto Chico Mendes quer demarcar 23 km da costa do Piauí como área de Refúgio de Vida Silvestre. A idéia é preservar o estuário de reprodução, amamentação e alimentação do Peixe-Boi Marinho, espécie de mamífero aquático considerada em risco crítico de extinção. A costa piauiense abriga cerca de 35 exemplares. Os limites de demarcação propostos pelos técnicos ambientais abrangem áreas de mangue dos rios Timonha/Ubatuba e Cardoso/Camurupim e uma faixa de praia do Litoral do Estado. Eugênia Medeiros, presidente do Chico Mendes, explica que o litoral do Piauí é uma das únicas e mais extensas áreas de reprodução do Peixe-Boi. Se aprovada, a reserva abrangerá os municípios de Cajueiro da Praia e Barra Grande, além de uma área de 7 km do Ceará. São cerca de 25 mil hectares em território piauiense (ou 34,8% da costa do Estado, que mede apenas 66 km)) que englobam áreas onde, segundo a Secretaria de Turismo do Piauí, o turismo do Estado tem maior potencial de desenvolvimento. “É a melhor parte do nosso litoral. Pega praias como Maramar, Carnaubinha, Macapá e Mangue Seco. São áreas onde estão previstos grandes empreendimentos turísticos”, reclama o secretário de Turismo, Silvio Leite. O gestor teme que a efetivação do refúgio do peixe-boi atrapalhe um dos poucos setores econômicos do Estado com franco potencial de crescimento. Silvio Leite diz que é favorável à demarcação, mas que ela abranja uma área menor, limitando-se à foz dos rios. “Conversamos com técnicos e não há nenhum caso de Peixe-boi em alto mar; só se ele estiver muito desorientado. Ele vive basicamente na foz dos rios”, aponta o secretário. Para Eugênia Medeiros, a criação do refúgio é imprescindível para a sobrevivência e reprodução do mamífero. Ela lembra que nenhum imóvel precisará ser desapropriado e que as atividades econômicas existentes podem conviver em perfeita harmonia com a reserva. A possível demarcação do território força apenas, de acordo com Eugênia, um turismo mais limpo, sustentável. Os empresários concordam que a criação da área de proteção do estuário do Peixe-Boi é importante e não inviabiliza o turismo na região, mas limita a expansão dos empreendimentos. É com esse argumento que o secretário Silvio Leite defende uma análise mais cuidadosa da proposta. “O que é inadmissível é trocar o sustento de milhares de pessoas por 35 Peixes-Bois. Se curvar a isso é entregar um dos nossos maiores potenciais econômicos”, enfatiza. Gestores e técnicos ambientais terão a oportunidade de expor suas defesas e discutir os limites de demarcação em duas audiências públicas, marcadas para acontecer nos dias 19 e 20 deste mês. A primeira será no Ceará e a segunda no município de Cajueiro da Praia.
* Fonte: Portalaz
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