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1/02/2012

Que vergonha, senhores magistrados e políticos!


Enfim, chegamos ao fim de 2011, melancolicamente, repleto de safadezas e pecados contra o mais sagrado e divino santuário: a dignidade, a consciência, a soberania nacional, o espírito.
   A única mensagem para este final de ano encontrei-a em belíssima poesia de causa nacional: "Deus, oh Deus, onde estás que não respondes, em que mundo, em qu'estrela t'escondes, embuçado nos céus?" O Brasil enfrenta uma trágica travessia de "mares nunca d'antes navegados", em navio de horror moral, cujos comandantes zombam e chibateiam os cidadãos com falsas promessas e leis que eles não praticam. Pior de tudo, ladrões contumazes, beneficiados de privilégios jurídicos que eles mesmos aprovaram, em nome do diabo, como se Deus não existisse, que lhes cobrará, ainda por aqui, sabe Ele como, o resultado das imorais condutas. Acreditem ou não. Questão de fé nos veredictos divinos.
  O clamor das crianças e velhinhos, prejudicados pelo desvio de verbas públicas, já chegou aos céus e comove os anjos do bem. Anjos, inclusive, de carne e osso, como a corregedora Ângela Calmon, que vem descortinando a putrefata conduta de magistrados.
   O ano de 2011 chegou à "última gota de um pote, até aqui de mágoas", não é Chico? Sem a coragem do jornalismo investigativo e sério, quase nada se saberia das sentinas fedorentas da administração pública.
   Magistrado que vende liminares para soltar traficantes endinheirados pisoteia a dignidade coletiva e embrutece o próprio espírito. Ainda tem cara de pau para fazer o pelo sinal, para não ser punido pelos céus. A justiça transcendental, às vezes, chega antes de bater as botas. Basta recordar o destino de poderosos que se desgraçaram por se arvorarem deuses. Eles e os herdeiros: conspiraram contra a dignidade coletiva, amontoaram patrimônio de safadezas, fundaram dinastias políticas metendo a mão no erário, corromperam-se, inebriaram-se de negociatas por trás do bigode, construíram só pela metade, porque a outra parte foi destinada para o assalto e campanha política. Infelizmente, reduziram-se os espaços para os espíritos do bem enfrentarem uma campanha eleitoral decente e, eleitos, permanecerem fieis a princípios éticos.
   Os rojões da passagem de ano emudecem o clamor de justiça de que o país necessita. A ressaca logo passa. A pátria convoca a nova geração de promotores e juízes de vergonha, bem como caras pintadas ou seleta turma de parlamentares de espírito cívico, a fim de repetir a heroica liderança de Josué: cercar as fortalezas do mal, clamar, tocar trombetas, gritar, a fim de derrubar as muralhas de Jericó, para que os filhos das divinas promessas tomem conta do território. Até o Sol parará e anjos baterão palmas e aleluias.
     Do jeito que as coisas vão, não vejo bons presságios para um ano novo, em terra de tanta cretinice no poder. Que Deus tenha pena de nós. Que me perdoem por estragar a festa e os rojões.

*Por: josemaria001@hotmail.com
    

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