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7/27/2010

Obras causam insatisfação em povoado


            A comunidade do povoado de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, no litoral do Estado, ainda aguarda um posicionamento do Ministério Público Federal sobre uma série de obras que devem ser feitas pelo Governo do Estado na região. Representantes dos moradores, dos pescadores e de várias entidades ingressaram com uma ação junto ao MPF a cerca de um mês, pedindo o embargo das obras, que inclui a construção de uma praça que provocaria um impacto ambiental irreversível. Alguns pescadores ameaçam a tirar as máquinas do local caso haja a retomada das obras. No local definido para a construção da praça hoje há uma faixa que deixa claro o descontentamento da população com a obra. "É um projeto que vem de cima para baixo, que está sendo discutido a mais de seis meses, mas a comunidade não quer. Não dá para pensar em turismo sem oferecer a estrutura mínima. Aqui não temos água de qualidade e nem coleta de esgoto", ressalta Sônia Maria de Brito, do Conselho da Igreja Católica, uma das principais lideranças comunitárias do povoado.  Ela explica que o projeto inclui, além da praça, a construção de um atracadouro, de uma lavanderia, um terminal rodoviário e de barracas de praia, que custariam o equivalente a R$ 4 milhões. Só para a praça, denomina praça dos "pescadores", seriam R$ 600 mil. "Querem fazer o atracadouro numa área de pesca e os pescadores são contra. Nem a praça, que leva o nome dos pescadores, é aceita por eles", completou.  A única obra aprovada, em parte, pelos moradores é o terminal rodoviário. No entanto, a obra implica na derrubada de várias carnaúbas. Os representantes das entidades e dos moradores que entraram com a ação junto ao MPF alegam que em nenhum momento foram ouvidos pelos gestores. Eles alegam ainda que o povoado necessita de obras mais urgentes, que ofereçam, por exemplo, água e energia elétrica de qualidade para atender melhor os turistas que visitam Barra Grande. "Depois de garantir essa infra-estrutura que podemos pensar nisso. É preciso pensar primeiro no que é necessário para atrair os turistas. A praça da Igreja precisa de uma reforma e antes disso não podemos aprovar a construção de uma nova praça", disse Sônia Maria.
Sobre o local definido para a "praça dos pescadores", Sônia afirma que a área não é apropriada para banho, pois há uma série de corais. Além disso, atrair turistas para essa área ameaçaria a vida de várias espécies marinhas, a exemplo do peixe-boi e da tartaruga marinha. O peixe-boi se alimenta nos corais e a o aumento no fluxo de pessoas afastaria os animais. A comunidade defende que o dinheiro do projeto seja revertido em outras obras mais importantes.  "Precisamos de uma quadra de esportes, de um palco para apresentações culturais, de uma escola técnica", sugere. Os moradores de Barra Grande, bem como os donos de pousadas da região, prezam pelo turismo sustentável e temem que as obras ameacem isso.

·        Diário do Povo do Piauí.

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