Os turistas que se deslocaram para Luís Correia neste período de alta estação voltam a reclamar com intensidade ainda maior sobre os problemas enfrentados agora - não mais apenas a falta de água e energia; estão convivendo também com o caos de obras em andamento, que já deveriam ter sido concluídas há muito tempo - tanto porque existe dinheiro em caixa, conforme garantia do governo, quanto pelo fato de que nenhum governo deve realizar ações que venham a criar embaraços tão prolongados para tanta gente ao mesmo tempo - turistas, comerciantes, trabalhadores, população em geral. Então, a obra se arrasta indefinidamente. As pessoas viram pela televisão informações de que estariam concluídas em tempo hábil. De que poderiam tranquilamente se deslocar ao litoral, seu destino predileto, durante o chamado período de alta estação, que iriam encontrar um espaço agradável, ainda melhor do que era antes, com praias limpas, acesso urbanizado, calçadão, pista asfáltica nova e até banheiros públicos bem higienizados e em condições de receber os turistas do primeiro mundo. O que houve com tudo isso? Era apenas contra-informação? Uma, a informação, visa afirmar fatos reais, dá conta de coisas acontecidas, de declarações feitas por autoridades ou não, grandes histórias que mobilizam multidões, que emocionam, animam - mostram o palco da vida real. Outra, a contra-informação, desconstrói o que é verdadeiro, procura afirmar o que não existe, coloca na boca de autoridades declarações que eles jamais poderiam fazer sob pena de serem apanhados em flagrante agressão ao princípio da fé pública. Fé pública: condição de credibilidade para a palavra oficial. Pode ser um simples barnabé, como se dizia antigamente, mas ele é servidor público e tem que falar a verdade. Uma declaração sua é como documento em papel timbrado, com carimbo e assinatura. Imagine o dirigente público. Este tem que passar longe da inverdade. Tem que primar pelo que é correto e muito sério. Caso contrário, deveria ser afastado em definitivo da vida pública. Em nosso país, os políticos são valorizados pelas rodelas que contam. Contar rodela é uma expressão usual no interior. Faz parte do folclore interiorano. É jogar conversa fora. Muitos ficam horas a fio na rua, sentado nas praças, em frente às barbearias, nos bares e lanchonetes jogando conversa fora - contando rodelas. Os políticos profissionais se sentem muito felizes pela habilitadade em relatar o que não existe, em convencer o maior número de pessoas de que aquilo que estão dizendo é verdadeiro. Quem está em Luís Correia neste momento se ressente de tudo o que ouviu porque constata que quase tudo ou nada é verdade. Pena constatar isso num momento que deveria ser de alegria.
· Fonte: Diário do Povo do Piauí.
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